às vezes

ANDRE GOVIA - Abandoned crematorium

ANDRE GOVIA – Abandoned crematorium

         A casa é um silêncio só, de se lhe ouvir o sossego quebrado pelas lavapés em torno das migas de açúcar, pelo que desandam na farra. O resto é cortesia. Às vezes, quebra a monotonia o plof de um livro sendo fechado, de interior pesado, sisudo pelo que talvez tenha dentro. Inflam o ar a cortina e o som de uma xícara nos lábios da criatura, pensando nos miúdos do cotidiano geral, ao largo de filosofias, tda e avc, pândegas masturbatórias em voga no mundo virtual. O mundo põe na calçada parte do ontem, ou seja, recebe parte do que houve um dia antes a jusante. Cremar é verbo antecipado, mas do intransitivo verbo amar não há quem lhe guarde as cinzas. E a obsoleta expressão mutatis mutandis ainda intriga certas criaturas.

Texto: Darlan M Cunha

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