Guerreiras D

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Bar do BIGODE – bairro Prado, BH

 

     Eis a couve, retalho da terra que sobre o balcão se debruça, à espera dos toques de amor de uma faca guerreira. Eis o ambiente no qual os odores se mesclam e atiçam as criaturas: couve, alho, cebola, coentro, salsa, azeite, vinagre, pimentas, maionese, ovos, bifes, a enorme panela onde o arroz flutua ou dança sua dança do cisne, eis a conversa, o riso, café com pastel e pão de queijo, pão com salame, a cachacinha sagrada para ir à luta, operário começar o dia, o vinho para a bela executiva executar o que tenha que ser feito, e assim os dias e os trabalhos. Eis o norte de cada um, o sul, o leste e o oeste; eis as latitudes e as longitudes, lua cheia e morna, sol a pino, solstícios de verão e de inverno, eis o Homem no afã de melhorar, custe o que custar. Ecce Homo, Nietzsche escreveu.

 

Foto e texto: Darlan M Cunha

remédio de amplo espectro: Rir

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Reginaldo e o Imperador-Cacatua, Zé I O Iluminado, O Venturoso

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       A que vem tanto apego às estátuas em alto e baixo relevo, de bronze, ferro, gesso, aço, madeira, plástico, fibra de vidro, granito e mármore, em todo  lugar, menos nos polos, por enquanto: busto e cabeça, cabeça, mãos (hollywood), pés (futebol), homem montado em cavalo, homem de pé com chapéu na mão, mulher olhando destemidamente para o futuro, homem e cão em pedestal magnífico, homem com espada, um homem por trás dos óculos (Vinícius // Drummond). Para que tanta estátua no meio do caminho ? Não vou desmerecer alguns homenageados, está fora de questão, mas a partir de agora exijo que no momento propício, que é agora mesmo, me façam uma homenagem toda em granito com filigranas de diamantes lá de Diamantina e ouro da Mina de Morro Velho (Nova Lima). Meu caráter é mole, preciso de granito, ferro, aço, kevlar e diamante, pois já que judeus e cristãos dizem que sou de barro, preciso destes materiais, com  esta inscrição:

     A Aldeia homenageia Darlan, sábio entre sábios, satírico entre desalmados, é um dos nossos, doutor entre doutores e mestres, elevado à enésima potência, este garoto peralta que azucrina a Aldeia, zanzando com amigos de infância, e amigas e mais amigas, ele que mais de uma vez viveu dias ruins, falcatruas, corrupções medonhas, mas aos gênios e às crianças tudo se perdoa, embora ele tenha dormido sob as asas da Lei mais de uma vez, sempre dizendo que a comida do cárcere é a melhor porque é de graça, e tem hora certa de chegar. Então, eis a justa homenagem da nossa modesta sociedade ao grande artista e grande sábio Darlan, também conhecido pelo epíteto ou alcunha ou saboroso nome ou graduação de Landar I, O Magnífico.

 

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assina: Toda a ALDEIA

Som

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com MARILTON BORGES, irmão mais velho dos irmãos Borges: MÁRCIO BORGES, LÔ BORGES, IÉ, SOLANGE…etc (CLUBE DA ESQUINA), são 11 irmãos e irmãs. Bairro Santa Teresa, BHte, MG, BRasil. Ao fundo, à direita, o Bar do MARILTON, grande músico, pianista.

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O intento do viajante é ir, porque ir é o melhor remédio
mas é certo que o trajeto a ser cumprido pelo passageiro
não pode ser de todo contado – pelo fato de que bons
e maus imprevistos acontecem quando se vai ao distante
horizonte, às terras do Nunca, avisos em idiomas nunca sentidos
na pele, e assim, no íntimo do viajor vão as alegrias mais sãs                                                  numa noite fria num banco de ferroviária ou num banho
gelado num banheiro 2×2, uma tempestade, um acidente ou
algo como o que se passou no conto La autopista del Sur (Cortázar),
sim, é preciso ir, trocar de roupa como as cobras, ir de déu em déu
descobrindo certos infernos, descobrir ou esquecer o céu.

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 Foto e texto: Darlan M CUnha

Darlan M Cunha
(poema escrito especialmente para a página ChronosFer, no WORDPRESS,e repetida aqui).

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    Às vezes, uma tela recorrente me aparece: Os comedores de batatas, de Vincent van Gogh, bem como A Idiota e Ciclistas, de Iberê Camargo. Na rua Guajajaras, próxima ao mercado central de BH, encontrei esta assembleia de infelizes – destes que deixam em falta A Divina Comédia, do Dante Alighieri, e não estranhei reencontrar iguais e mais iguais. Caso ele existisse, deus já teria desistido, por tudo isto, tantos pedidos de ajuda, de socorros, disso e daqui, com certeza, ele já teria se evadido para algum lugar que sequer o zelador da porta do céu não saberia nunca onde o velho fora se esconder, e beber sua zurrapa sossegado, já  farto de humanos, sua invenção que deu no que deu, ou seja, tiro pela culatra. Mas,, deus, como se sabe, e se finge ignorar, é invenção judia e de símiles, ou seja, não é nada. O medo, eu já escrevi sobre isto, faz séculos, chegou com a religião.

Arte: GUS (?). Crônica: Darlan M Cunha