Fiz essa foto há tanto tempo que já não me lembro onde, só a certeza de que foi aqui em Bêagá, mas não sei precisar a autoria dessa arte mural.
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Os Caras – entre fel e mel & algodão e pedras
Eis aí uns caras pegando leve no pesado da Música. Perdoai-os, Leitor e Leitora, eles sabem o que fazem, quanto é pesado fugir da apatia, morte em vida, quanta demência há sob o sol sustenido maior, quanta ira em ré bemol menor, quanto riso na escala dó; notem que eles e elas sabem dos jorros de uma tristeza bem funda, percebem quase tudo ainda antes que ela desabe sobre a Aldeia, e soltam o verbo, o til, sol e chuva, acervo completo, sinônimos e antônimos, adjetivos e substantivos, soltam os cachorros, avisando do iminente, abrolhos ou abram os olhos – os caras avisam, comem e bebem mil e um dissabores e horrores, sofrem de algo que é para muito poucos: premonição, sim, esta é uma situação numa palavra que revela um conceito ausente, por exemplo, na sociedade de hoje onde cada esquina se quer uma verdade isolada, mas seus dedos são dedos sem mão, as mãos sem braços e braços sem tórax onde se fixarem. A Razão foi dormir ? Só existe ficção ? E a raiz da fala ? Quando veremos trilhas de fato, seiva boa neste mundo bonito de dar cegueira ? Escutem os caras pegando leve no pesado da clave de sol, lembrados de que o filósofo e musicista alemão Friedrich Nietzsche disse que “sem música a vida seria um erro.”
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Darlan