vietato lamentarsi

 

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     Pois é, de grão em grão se vai longe, até que alguém dá um murro na mesa ou chuta o balde, dando nome aos bois e às vacas. O papa Chico é também um humorista sutil, ou um sátírico com palavras de algodão, mas com espinhos dentro. Mudando de assunto, ou seja, deixando de lado os muros de lamentações mundo afora, pelos seios e pênis de silicone, pelas torneiras que não vazam senão ar, saleiros com sal umidificado dentro dele (arroz cru nele), e mil outros entraves cotidiários aos quais todos estão sujeitos, o mundo vai em frente, e uma amiga minha diz que gosta de ficar pensando sobre que cara fariam, por exemplo, os da Idade Média diante do pouso de um jato de guerra, com seus decibéis e sua beleza esguia nos arredores das aldeias, espantando pastores e ovelhas e salteadores, todos caídos de joelhos diante do Novo Senhor, ou fazendo ‘razias’ sobre legiões romanas e sobre os soldados dos gloriosos Carlos Magno e Gêngis Cão, quando não sobre o castelo de Ivan IV, o Terrível, de madrugada, porque era de madrugada que ele ia rezar, e após as matinas diárias às quais seu remorso e sua loucura não o deixavam faltar, ele descia aos porões do próprio inferno, para infringir em pessoa torturas inenarráveis aos presos. A amiga tem bom gosto, tem o senso do tétrico que ela tenta verter para a sátira.

     Parodiando Guimarães Rosa (Minas são muitas), se vê que o mundo tem muitos ecos.

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imagem de La Stampa (Itália)    

texto de Darlan M Cunha