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Tão antigo quanto a Humanidade.
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Filho do trigo
.
O pão, já dentro da noite, começou a se formar
ainda antes de estar nas mãos do padeiro, no trigal,
ainda muito antes de estar sobre a tua mesa,
sua metamorfose é comovente, requer dedicação.
Madrugada. Nu ainda está o pão de sal, o de doce
requer certos mimos, mas e o que dizer do sovado:
recebe uma surra bem dosada, este pão supimpa
de massa pesada, lembrança de tias e avós ?
A educação pela pedrada ou a educação pelo pão.
Entre outros favoritos possíveis nos momentos
difíceis, o pão sempre está onde deve: com o povo,
é sua sombra, por isso enfrenta as investidas
cotidianas, sim, o filho do trigo ri e faz ecos com
o milho, a cevada, o centeio, a batata, a cenoura, o alho
e todos transformam-se nessa massa tão antiga
quanto a Humanidade. Pergunte aos árabes e a
outros povos antigos.
Pelo sim ou pelo não, pra frente, que atrás vem gente.
Deus aprendeu a fazer pão com estes antepassados
que renascem nas mãos dos padeiros
na cozinha de milhões de padarias mundo afora,
enquanto dormes e atravessas a fase REM do sono,
as padarias estão “com o coração aberto em leque” –
como nos diz a linda canção.
Por isso, manhã sem pão é assunto triste, tragédia.
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Darlan M Cunha >>> Escrito na noite de 12 de junho de 2023