pão sem circo

Tão antigo quanto a Humanidade.

*

Filho do trigo

.

O pão, já dentro da noite, começou a se formar

ainda antes de estar nas mãos do padeiro, no trigal,

ainda muito antes de estar sobre a tua mesa,

sua metamorfose é comovente, requer dedicação.

Madrugada. Nu ainda está o pão de sal, o de doce

requer certos mimos, mas e o que dizer do sovado:

recebe uma surra bem dosada, este pão supimpa

de massa pesada, lembrança de tias e avós ?

A educação pela pedrada ou a educação pelo pão.

Entre outros favoritos possíveis nos momentos

difíceis, o pão sempre está onde deve: com o povo,

é sua sombra, por isso enfrenta as investidas

cotidianas, sim, o filho do trigo ri e faz ecos com

o milho, a cevada, o centeio, a batata, a cenoura, o alho

e todos transformam-se nessa massa tão antiga

quanto a Humanidade. Pergunte aos árabes e a

outros povos antigos.

Pelo sim ou pelo não, pra frente, que atrás vem gente.

Deus aprendeu a fazer pão com estes antepassados

que renascem nas mãos dos padeiros

na cozinha de milhões de padarias mundo afora,

enquanto dormes e atravessas a fase REM do sono,

as padarias estão “com o coração aberto em leque” –

como nos diz a linda canção.

Por isso, manhã sem pão é assunto triste, tragédia.

***

Darlan M Cunha >>> Escrito na noite de 12 de junho de 2023

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