POST 1013: Da amizade 360º

Simbologia

Para FERNANDO ROZANO: https://chronosfer2.wordpress.com/ Para TODAS e TODOS

CARTA A UM AMIGO

Sempre tive em alta conta a Amizade, aludo a ela como sendo um marca-passo para todo amigo que dele necessite, uma caneca com água para a amiga já com seus lábios rachados, algo assim como um caminho cheio de nervuras ou de tabuletas com rumos trocados que a gente encontra, mas como um sabe o caminho, lá vão os dois, parecendo-se com os poetas Dante e Virgílio, na Divina Comédia, zanzando pelas plagas infernais.

Já se disse que certas amizades, não raro, têm tanta força quanto o amor, por ser também uma espécie de afeto, não se admite deixar uma amizade sozinha no meio do redemoinho, uma postura que irá afastar o negrume, espantar o espantalho, dirimindo dúvidas, sim, passei por isso, em ambos os lados estive.

A convivência é o pilar, mas há pessoas as quais se tornam unha e carne, com poucas vezes em que se encontram e trocam ideias, conversas de amigos e de amigas, que logo estarão sacramentadas.

Tive e tenho amigos e amigas para os/as quais qualquer adjetivo é pouco, uns me passaram a perna ao não me avisarem de uma certa viagem, e não que eu pretendesse embarcar neste bonde ou foguete, mas a gente fica assim num sopor danado quando eles/elas viajam, sim, já nem se sabe abrir uma porta, sem tropeçar, pelo que se solta um solene, virtuoso ou escandalizante palavrão, mandando tudo às favas.

Amizade, por exemplo, como a que há entre os de um lar de idosos é um verdadeiro achado, e eu não digo isso como charla, pilhéria ou desrespeito – longe de mim tal acinte, atitude de miúdos, tamanha aleivosia.

Os vovôs jogam damas ou apertam bolas de borracha, bombeando as mãos, algo assim como quando você vai submeter-se a uma coleta de sangue, para algum hemograma necessário, e a enfermeira lhe pede para abrir e fechar a mão, com vigor, mas devagar, e lá vem picada. Os vovôs sabem das coisas, tanto é que seu encanto, seu companheirismo está ali, perto e longe do mundo vasto mundo Filho da Mãe Pressa.

Tenho um amigo, o qual tem muitas amigas de fato e amigos idem, que já faz um tempo não está cem por cento. É pessoa de elegância moral, boa cultura, e que decerto tem com ele o peso e a leveza da existência, e por isso mesmo luta para que a porcentagem à qual aludi aí atrás se normalize dentro do possível, dentro das circunstâncias.

Amigo, estamos te esperando para aquela via-sacra no Mercado Central de BH (iremos às bancas de queijos, de cachaças, frutas e legumes, panelas de pedra-sabão, e ao BAR DO MANÉ DOIDO, cujo nome já indica que beleza de bar tradicional, querido em BH), depois, tocar as incríveis canções do Clube da Esquina, e depois já nem sei o que mais.

MERCADO CENTRAL de BELO HORIZONTE-MG

Aquele abraço. Barbaridade, Chê ! Uai !

Darlan

Meu pai – ELVIRO F CUNHA – completaria, hoje, 98, faleceu aos 92. Mestre estatístico do IBGE. Nunca o vi levantar a voz para a minha mãe MARIA JOSÉ, em 62 anos de casados.

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CLUBE DA ESQUINA nº 2 – LÔ e MILTON e BANDA: https://www.youtube.com/watch?v=-83HCIbrfWU

RENATO BORGHETTI: MILONGA PARA AS MISSÕES: https://www.youtube.com/watch?v=ToCMoSVV1Lk

Horas ? para quê sabê-las ? Vivê-las, sim.

visita breve
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@1

Não foi só o personagem do Robert Musil um homem sem qualidades, há muitos destes afortunados por aí, para os quais o lodo é fartura, a grama é a cara do sono, sem sonho, viver vinténs, nenhum amém cobrindo-os dos pés à cabeça, e assim correm de tréguas, porque isso desgasta muito, você tem de prometer, ao mesmo tempo em que espera a facada nas costas, e assinar algo com quem está pronto para eliminá-lo da jogada, todos devem jogar a toalha, isso é irrelevante, porque de repente tudo muda, num rompante, algum descontente reabre as cicatrizes, chuta as cinzas, e todos voltam a ser meros atores e atrizes, todos querendo-se exemplares no ofício de mostrar a cara. Só resta cantar: Soy feliz, soy un hombre feliz, sendo um homem sem qualidades, a exemplo do personagem do austríaco Robert Musil.

@2

Não é segredo que numa cidade grande ninguém dorme, todos estão nalgum estágio de alguma doença, mesmo que ainda não saiba do diabetes, da P.A. sempre alta, distúrbios que não avisam, sem contar outras armadilhas, e assim ninguém escapa dos decibéis, da mãe-pressa, da incrível quantidade de lixo diário, todos fingindo felicidade. Um copo com água, por favor.

Fotos e texto: Darlan M Cunha

Merceditas. RENATO BORGHETTI & ARTHUR BONILLA (R. SISTO RIOS – autor): https://www.youtube.com/watch?v=GKmZcGuIW2g&list=RDcNFSR77vDOg&index=2