Tens um céu só teu, cheio de fluxos e influxos, céu de certezas e dúvidas, sóis e chuvas que divides ou não, eis um sabor de castigo ou de cidra, enfim, uma abóboda toda tua é este ímã tão silente ou tão tagarela que tudo teu a todos revela ou não; mas o que se sabe ao certo é que neste céu pelo qual passam a tua bile de fogo e a água que te livra da sede, nessa tampa tu vives muitas premissas e/ou promessas cumpridas ou não, mas continuas com entusiasmo e desânimo, até porque as antíteses ou contradições são o alcance máximo humano, porque não há como escapar do claro/escuro, forte/fraco, frio/quente, não há na grande família humana alguém que não esteja farto de marcas ou que não esteja com a paciência esgotada contra ti e contra o que te cerca, fartas inclusive delas mesmas. Ó mar, ó rainha de Sabá, Sherazade, Lady Godiva, Luz del Fuego, ó Virgem do Apocalipse, todo céu precisa alargar-se com constelações e gritos, deem um bom trato no palato ou céu da boca dos desvairados os quais vão para as ruas sem a mínima chance de entendê-las, e assim é que as ruas estão cheias de céus tão escuros. Vou rir ou chorar ? Pão é pão, água é água, pedra é pedra, riso é riso, Mãe é Mãe.
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Foto e texto: Darlan M Cunha
UAKTI. Variações sobre ÁGUAS DE MARÇO (TOM JOBIM). https://www.youtube.com/watch?v=YtFs4emQixk