ecos / echoes

MUSEU HISTÓRICO ABÍLIO BARRETO >>> BELO HORIZONTE, a primeira casa desta cidade inaugurada no dia 12/12/1897. Como se lê, BH é uma criança de 126 anos.

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Os CAMINHÕES de DUBAI

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Uma vez escrito com dunas e nuvens
o severo dispor dos dias e das noites ainda vigora
entre os povos nativos de um Grande Areal,
os ensinamentos ainda escritos nas almofadas
nos pés dos camelos continuam tateando
nos turbantes e nas sandálias
os conceitos muito antigos já quase de todo
à mercê da Novomania, Novocaína
a dança das cabeças batendo seu novo ritmo
de idiomas com brilhos de estrelas
sobre o areal mais antigo do que Alá,
e assim algo inquietos estão os barcos
mas há um peixe cada vez mais raro, fedorento,
sob o areal e o mar que com o areal se funde
e que o vento ajudará a esgotar-se – ó Pai
somos os dez mil caminhões de Dubai
no caminho dos dejetos (arpejos caros postos fora),
somos felizes e tristes com o mar das parábolas
o areal dos sutras e as nuvens dos castiçais
num entorno de desafetos
mas temos hoje por companhia fileiras de tendas
para turistas benvindos sejam todas e todos
os filhos e filhas do Poderoso
despejando das alturas de vidro novas cédulas,
novas formosuras, quenturas úmidas e duras
de todos os dias e noites. Pai, tudo isso e mais
para o fervor dos caminhões de dejetos de Dubai.

OBS.: Escrito num vu, num átimo, num instante, sem premeditar, no fim da tarde de 03/05/2024, em Belo Horizonte, MG. DMC.

TRANSPORTE de ESGOTO de DUBAI: (YOUTUBE): https://www.youtube.com/watch?v=noBJD8Ym5Vs

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DUBAI’S TRUCKS

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Once written with dunes and clouds
the harsh disposition of days and nights still prevails
among the native peoples of a Great Sandpit,
the teachings still written on the cushions
on the feet of camels, still groping
in turbans and sandals
the very old concepts are almost completely
at the mercy of Novomania, Novocaine
the dance of heads beating out their new rhythm
of languages sparkling with stars
on sand older than Allah,
and so the boats are somewhat restless
but there’s an increasingly rare, smelly fish,
under the sand and the sea that merges with the sand
and that the wind will help to exhaust – O Father
we are the ten thousand trucks from Dubai
in the path of waste (expensive arpeggios thrown away),
we are happy and sad with the sea of parables
the sand of the sutras and the clouds of the candlesticks
in an environment of disaffection
but today we have rows of tents for company
for tourists welcome all and sundry
the sons and daughters of the Mighty One
pouring out new banknotes from the heights of glass,
new beauty, wet and hard warmth
of every day and night. Father, all this and more
for the fervor of Dubai’s waste trucks.

NOTE: Written in a vu, in a flash, in an instant, without premeditation, in the late afternoon of 03/05/2024/, in Belo Horizonte, MG. DMC.

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DUBAI SEWAGE TRANSPORT: https://www.youtube.com/watch?v=noBJD8Ym5Vs

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RIO GRANDE DO SUL

NOTA:

Para consternação geral do país, bem de acordo com o que aconteceu com a querida e respeitada Minas Gerais, o Rio Grande do Sul está passando por momentos difíceis, de recuperação demorada. Um abraço ao muito de bom do RS: tereré, vaquejadas, churrasco de chão, o arroz, os inúmeros descendentes de imigrantes já com várias gerações, Renato Borghetti & Banda, Elis, Érico, a Reserva do Taim, o médico e escritor Moacyr Scliar, o psiquiatra Dyonélio Machado, autor de Os Ratos (1935, Prêmio ABL), Fundação Iberê Camargo, em P.A., margem do Guaíba, um prédio branco de arder os olhos, pampa (en la pampa y en el mar” – Mercedes Sosa cantou), as cidades Passo Fundo, Soledade, etc. O bairro boêmio ou das artes, em Porto Alegre, é bem cuidado, mas do qual agora me falta o nome, escrevendo sem consultar nada. Portanto, um tico de afeto mineiro.

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UAÍMA

Claro, escuro… Mas, de verdade, “eu não estou interessado em nenhuma Teoria”*

SALA de AULA ? >>> Bairro Buritis, BÊAGÁ – MG

@1.uaíma

Continuar com os seis sentidos aguçados pelas pressões, a demência é ali ao lado da tua sombra, talvez até seja ela mesma, pois há estranhezas sem fim, sim, os multípedes, por terem tantos pés, caminham muito, indo a lugares do Nunca, do Nada, do Talvez, do Espanto, indo para dentro do alheio, casas sem ponteio e casas geminadas. Geminadas ? Ouve-se quase tudo o que por lá se passa: mulher de rolinhos e varizes xingando a vida, crianças com o sorriso aberto em leque, quando não com catarro, a televisão no fútilbol, na noivela. “Viver é melhor que sonhar“, diz uma canção do Belchior, também título de um livro correto, explícito.

@2.uaíma

Sou fã [ou fan ?] dos abusos, de certos abusos, de certos tipos de assaltos sobre a calma e a boa ventura dos ene prazeres que o Mundo talvez ainda tenha. Portanto, Amadas e Caros, procuro benesses, procuro prazeres aturdidos pelo fato de não serem mais procurados, perdidos, chorosos, mendigando audiência – beijo e abraço de Mãe não vale, porque já passou do compreensível.

@3.uaíma

Ovos cozidos de manhã, às vezes, pão dormido ou pão velho, café cinco efes, qual seja: frio fraco fiado e formigas no fundo. O dia será de dinos e dinas, sáurios escorregando nas ruas, borboletas e abelhas sem conta sobre a cabeça da Aldeia. Isto é que é vida, e melhor será quando sem impostos, melhor ainda sem o incômodo de gente abelhuda, carrancuda, muda, talvez com furúnculos na bunda.

Óculos escuros / para o cego, mas / falas claras.

A cacofonia / dos bastidores / avança da Orquestra.

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ANTÔNIO CARLOS BELCHIOR: Como nossos pais (“Viver é melhor que sonhar”): https://music.youtube.com/watch?v=BnlhChKEmbE

CHRIS FUSCALDO & MARCELO BORTOLOTI escreveram uma excelente biografia dos dez últimos anos – atormentados – da vida do artista, modesto, leitor, cursou Medicina, sem completar. Há séculos eu sabia algo disso. Um grande rapaz, que veio várias vezes para Belo Horizonte, algumas delas até mesmo sem um compromisso de shows. Assim como Gonzaguinha, que viveu seus dez últimos anos aqui em Belo Horizonte, até o dia do acidente fatal no Paraná. LIVRO “Viver é melhor que sonhar”. :https://chrisfuscaldo.com.br/livros/outras-editoras/belchior/

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UAÍMA

2 de maio

Alinhadas e animadas… sempre. (Praça Raul Soares, BH)

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O Pão

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Todo dia elas e eles fazem tudo sempre igual… Pois é, dois de maio é outra história, cada dia com a sua alegria, sua fúria, seus êxtases pensados, a dobradinha com batatas, a carne cozida dura três dias, é uma boa economia de gás, tempo e de dindim. Vamos que vamos. A Alegria vencerá a Alergia. Vamos nessa, gente. Ó, sem nos esquecermos do aguaceiro pavoroso no Rio Grande do Sul.

@2.uaíma

Terei eu e terá você também de sairmos daqui e irmos nem que for a pé até o assim chamado Oriente Médio, para darmos jeito na COISA ‘ABSURDA, sendo que os poderosos continuam unidos, e nenhum país, nenhum dos mais de 200 no maldito planeta faz absolutamente nada de concreto ? Nem diremos das escaramuças letais a partir de ambos os lados: da terra de Dostoiévski e da terra ao lado, a terra de Léssia Ukrainka.

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UAÍMA

1 de maio

SABARÁ, MG, BRASIL

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Há dias para tudo no calendário alienado das folhinhas, que são seguidas à risca, ou não. Há dias dedicados a cada acontecimento esdrúxulo ou a cada nuvem de fatos que são risíveis, digo isso para ser elegante, para continuar elegante, senão os destemperos a partir do idioma seriam pesados. No caminho as risadas nos esperam na inenarrável esteira humana.

DISSERAM:

Tudo o que um sonho precisa para ser realizado é de alguém que acredite que ele possa ser realizado.” – ROBERT SHINYASHIKI

Coração da gente – o escuro, escuros. Quem ama é sempre muito escravo, mas não obedece nunca de verdade.” – JOÃO GUIMARÃES ROSA

Vem, vamos embora, que esperar não é saber; quem sabe faz a hora, não espera acontecer.” – GERALDO VANDRÉ

O que vale na vida não é o ponto de partida, e sim a caminhada…” – CORA CORALINA

Cair não é um fracasso. Fracasso vem quando você fica onde caiu.” – SÓCRATES, filósofo grego

Não tenho tempo pra mais nada, ser feliz me consome muito…” – ADÉLIA PRADO

Decerto que você pode o que eu não pude. Eis a construção, o tijolo em falta.” – DARLAN M CUNHA

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UAÍMA

anda

Para pedestres apressados e para os sem lenço e sem documento… [Dr. Infarto não dorme, Dra. Obesidade é insone, Dra. Depressão carece de atenção, Dona Diabetes é sutil…]

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ANONIMATO

O Anônimo e o Inominável são felizes, devem ser, suponho que pelo fato de que enviam mensagens que não chegam, e se chegam ninguém as lê, e se as leem não lhes dão ouvidos, a peleja que lhes interessa é outra, noutro tempo e noutro lugar se acha, e assim o anônimo se vê na contingência de continuar a ser o que é, de continuar a ser mãe e filho deste orçamento, e também irmão, sem levantar voz, perna ou mão, vale o que pesa, no banheiro ou à mesa, e assim, num dia qualquer de pouco ar, sem noite sem nome sem data, eis que num momento assim a mais profunda melancolia entra-lhe pela porta e arrevesa suas janelas, chuta o balde e passa o mindinho na poeira dormindo sobre a estante, a profunda melancolia molha parte da roupa, livra-se dos sapatos, mas ainda não da voz – que é outro tipo de mensagem, é aquele tipo de mensagem muitas vezes ignorado, e será num dia assim que tu não mais te curvarás ao peso inenarrável do silêncio.

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Eu também, Milton e Tiso, quero falar de uma coisa [outras], mas já não sei onde elas andam, para onde foi toda fragrância boa, em quais tocas, ocas ou sóis elas se encapsularam. Ainda há algo podre no reino da Babaquara ? Dinamarca ainda conta lendas a respeito de sua pequena Sereia, garota de vontade pétrea ? Ouvimos nas feiras de rua que o Brasil é pródigo em ouro e em diamantes, sim, os diamantes do riso e o ouro do “deixa pra lá”, e assim vamos vivendo de amor – diz a canção.

coalhada, sim, coalhada

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UAÍMA