segredo nenhum

A solidez da solidão. [Hospital Eduardo de Menezes – Belo Horizonte, MG].

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Ferramentas de separação estão mais acessíveis do que nunca, as técnicas de amansar manadas em linha reta, não há tempo para mesuras, é só enfiar o dedo no bolo, evita-se parar e amarrar um cadarço ou apertar a gravata, mas não para exibir as bravatas do dia, postas com jeito sobre a mesa onde mapas ofegam por mais. As raízes do medo tomam formas diversas a cada dia, cada hora é eternidade de ânsias, correndo de todos e de tudo, verificar as válvulas de escape, conferir tutano dos ossos, a luta férrea para não ser um zero à esquerda, ou não haverá como chegar à meta de não pertencer a uma showciedade de espermatozoides atrasados e vidas clitorianas nulas. Pensar dói. Onde tem gente, problemas reais e, muito mais, inventados.

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Separation tools are more accessible than ever, the techniques for taming herds in a straight line, there’s no time for niceties, just sticking your finger in the cake, avoiding stopping to tie a shoelace or tighten a tie, but not to show off the day’s bravado, placed neatly on the table where maps pant for more. The roots of fear take different forms every day, every hour is an eternity of anxieties, running from everyone and everything, checking the escape valves, checking the marrow in the bones, the iron fight not to be a zero on the left, or there will be no way of reaching the goal of not belonging to a show society of late sperm and null clitoral lives. Thinking hurts. Where there are people, there are real problems and, much more, invented ones.

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Essa horta fica ao lado de uma pista popular, aberta, onde corro, às vezes, no bairro Tirol, BÊAGÁ.

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UAÍMA >>> Darlan M Cunha

SHARON ISBIN, essa bela mulher e excepcional violonista (EUA) toca ao vivo a erudita ASTURIAS, do espanhol ISAAC ALBÉNIZ (1860-1909): https://music.youtube.com/watch?v=yIjfkYKKW54

Carta à MÃE – n. 312

Creia: uma foto de ontem da Mãe – continua assim, e mais, aos 91. Eu já disse, e escrevi: “Carregue água na peneira para a tua Mãe, sem desperdiçar uma gotícula sequer.”

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Carta à MÃE, n. 312

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Dona MARIA JOSÉ, minha festa junina

ontem, sexta, onze horas, radiante, fui buscar meu violão no luthier da região, mas ele nem pegara no instrumento que eu levara até lá para um reparo no braço. Fui na data marcada. Voltarei amanhã, a pedido do profissional em questão, meio ressabiado, é verdade [eu].

Mãinha, árvore frutífera

vamos a outros temas, aos horizontes ainda possíveis, sim, o mundo é vasto. Hoje, irei ao mercado central buscar queijos cabacinha e canastra, gengibre, alho, cebola, salsa, coentro, rúcula, agrião, milho verde, ervilhas e açafrão, e o que mais eu me lembrar, mas é preciso ir com os braços para cima, onde os preços estão, puxá-los para baixo, estão cada vez mais nas nuvens, queixas aumentam, no semblante geral quase não há lugar para o patrimônio nacional do riso franco do povo brasileiro, sempre com um sorriso.

Mãe, meu colar de luz, mas severa, se preciso

portanto, prepararei algo sumido da mesa, embora seja prato algo trabalhoso. E assim, ainda que chova canivete, a onça beba pinga, o elefante passe pelo buraco da agulha, farei estrogonofe de frango, do meu jeito, e assim almoçaremos juntos este petisco com folha de louro, orégano, açafrão, ervilha, milho verde, azeitonas e azeite, leite de coco, toda essa mistura indo entre um Uai e outro, som de poucos decibéis na caixa, bem entendidos. Travessia ampla no dia, Águas de Março no dia, Flor do cafezal na caixa, Valsa n. 1, Cuanto trabajo, também esta linda canção da espanhola/venezuelana Gloria Martín [Madri, 1945].

Dona Mãe, de fé cega nos Altos desígnios

não foi nada agradável medicar a Senhora, há duas semanas, vítima de virose violenta, alta madrugada. Dias de prostração para quem é a antítese visceral de ócio. Recuperada, a Senhora continua levando sol e lua nas mãos, a vizinhança agradece, e nada direi da família, das bisnetas e trinetas já agora rindo à toa, para ficarmos nos pequenos.

Dona MARIA, meu pé de vento, estrela de vida inteira

somadas todas as crenças, lendas, tabus, catarse e outras referências, apostas, perdas & danos, todas as teimas, sismos e cismas quanto ao que há de mais benfazejo no mundo, o que posso responder, cheio de obviedade, senão que é a Mãe ? Então, para este fervoroso sábado, um eco muito bom no céu da boca, ou seja, estrogonofe com batatas.

Beijos e abraços do primogênito, meio desmiolado, semi analfabeto, não só um colecionador de fiascos, e sim um bom garoto perdido nos breus do mundo vasto e gasto Mundo.

DARLAN

o risco da água

Mãe Geral

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@1.uaíma

A água não é um elemento químico. Nenhuma dúvida quanto a isso, depois que foi esclarecido que ela é uma molécula feita de duas partes de hidrogênio e uma parte de oxigênio; isso depois de muitos estudos em mil laboratórios. Hoje, noutras obras vive a ciência, procura-se a fusão de elementos – a fissão deu no que deu: primeiro, mortes; depois, e até hoje, receios, desconfianças, desligamentos. Não há dormir.

@2.uaíma

Em qualquer feira de rua ou num mercado é certo que se vai ouvir alguma piada maravilhosa, algum eco de rastilho de pólvora, algum conceito que abalará várias estruturas; ouvem-se conceitos inesperados e até desconcertantes, o que nos faz pensar a respeito de tantos assuntos jogados no mundo, e temos de levá-los para casa, as mão cheias de molhes verdes, verduras, e os supérfluos de quase sempre, levando também o que não se previra. Às vezes aparece algum sermão da montanha, todo fora de lugar e hora.

@3.uaíma

Bustamante é um luthier aqui da região do bairro, portanto, hábil em desvendar o errado, as feridas de um violão, por exemplo, o meu, o qual ficou lá para um reparo no braço. Uma semana é o prazo, tempo o qual uso noutros afãs o que gastaria em ensaios, indo mais fundo noutras escravidões ou vícios meus e de outrens. Não penses nada fora do eixo, sou bom garoto, pergunte à minha Mãe Maria, ela dirá com certeza: “É um bom menino, muito organizado e estudado, só não vai nunca aos salmos, e muito menos é presencial na igreja, para a minha tristeza; sim, bom menino, meio desmiolado, bom amigo, bom filho.

@4.uaíma

Esqueceste a senha ? Sem entrada, sem diálogo possível ? Estás agora de nervos aflorados, porque sem passar abobrinhas não se fica impunemente. Hora é, mas a maldita senha, tua Dona, companhia de todo dia, escapou, nem uma anotação nalgum caderno, sequer junto às tatuagens. Diga algo: “Ora, tatuei até nome que hoje me dá solutos & solventes, mas não solução contra essa anomalia, contra estes nomes e mensagens que me dão vômito e até adiantam minhas cólicas, morrerei com estas insensatezes no corpo, feito gado ruim. Arrependimento vem tarde, os avós dizem.

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Darlan M Cunha

Acorde(s)

Um show para a molecada em Nova Lima, MG. NUNCA RI TANTO.

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PSICOLOGIA DE SEMPRE ESTAR

Sede. A vida é feita de mil sedes, mais do que de fomes, isso porque, antes de tudo, vem alguma sede indefinida, malvaz, uma sede psíquica que não abre mão de estar contigo durante vinte e cinco horas por dia, inclemente feito o sol na caatinga, uma salina rachando seus poros e seus rins, inclemente feito as paixões inúmeras de todas as vidas, doída feito uma saudade misteriosa, aérea. Às vezes, você sente saudades daquilo que você foi ontem, anteontem, trasanteontem, uma indefinida saudade daquilo que um dia você foi. E ponha psicanálise nisso…

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CANÇÕES DE SEMPRE

PLAYLIST (Original tracks)

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@1: Águas de Março

TOM JOBIM.

@2: Sinal Fechado

PAULINHO DA VIOLA.

@3: O Pedido

ELOMAR FIGUEIRA MELO*

@4: Clube da Esquina n. 2

MILTON NASCIMENTO / MÁRCIO BORGES / LÔ BORGES*

@5: Pois é, pra quê

SIDNEY MILLER*

@6: Água e Vinho

EGBERTO GISMONTI / GERALDO CARNEIRO*

@7: Construção

CHICO BUARQUE*

@8: Trenzinho do Caipira

HEITOR VILLA-LOBOS / FERREIRA GULLAR*

@9: Última forma

BADEN POWELL / PAULO CÉSAR PINHEIRO*

@10: Amor de Índio

BETO GUEDES / RONALDO BASTOS*

@11: Domingo no Parque

GILBERTO GIL*

@12: Choro de Mãe

WAGNER TISO*

@13: As rosas não falam

CARTOLA*

@14: Folhas secas

NELSON CAVAQUINHO / GUILHERME DE BRITO*

@15: O Mar

DORIVAL CAIMMY*

@16: Disparada

GERALDO VANDRÉ / THEO DE BARROS*

@17: O bêbado e o equilibrista

JOÃO BOSCO / ALDIR BLANC*

@18: As aparências enganam

TUNAI / SÉRGIO NATUREZA*

@19: Alta noite

ARNALDO ANTUNES / MARISA MONTE*

@20: Milonga para as Missões

RENATO BORGHETTI (Autor: GILBERTO MONTEIRO)*

@21: Ronda

PAULO VANZOLINI*

@22: Um homem chamado Alfredo

VINÍCIUS DE MORAES*

@23: Also sprach Zarathustra

EUMIR DEODATO*

@24: Nasça

WALTER FRANCO*

@25: Com mais de mil

CANHOTO DA PARAÍBA*

@26: Se gente grande soubesse

BILLY BLANCO*

@27: Alegria Alegria

CAETANO VELOSO

@28: Berimbau

BADEN POWELL / VINÍCIUS DE MORAES*

@29: Amigo é pra essas coisas

ALDIR BLANC / SÍLVIO SILVA*

@30: Luz e Mistério

BETO GUEDES / CAETANO VELOSO*

@31: Manuel, o audaz

TONINHO HORTA / FERNANDO BRANT*

@32: Travessia

MILTON NASCIMENTO / FERNANDO BRANT*

@33: Clube da Esquina n. 1

MÁRCIO BORGES / LÔ BORGES / MILTON NASCIMENTO*

@34: A Estrada e o Violeiro

SIDNEY MILLER

@35: Com seus botões

DARLAN M CUNHA*

Cachoeira dos Macacos ou simplesmente Macacos (pequeno e afastado distrito de Nova Lima, MG)

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Darlan M Cunha: fotos e texto

SÉRIE: CREIA > 3 – MESMO MORTO E EMPALHADO AINDA SE PODE SER

Arte de Ai Wei Wei (CHINA). Fiz a foto durante uma exposição deste grande artista, na sede da AABB (Banco do Brasil), em BELO HORIZONTE, MG.

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O melhor amigo do Homem foi o cão, mas ainda no seu rol de amizades, melhor dizendo, de escravos, temos a humilde mula, o cavalo de montaria, o boi de arado, o elefante de arrasto, gato é bicho manhoso, desprezível quase; mas os focos ou as necessidades se deslocaram, sendo que hoje o melhor amigo do Homem está na tua mão, ou nalgum bolso teu, se não já está sendo pesquisado pelo ladrão. Evoluímos.

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Darlan M Cunha: foto e texto

DARLAN canta e toca (informal, em casa) JONNHY ALF: EU E A BRISA: https://www.youtube.com/watch?v=ZRI8ExXzkjc