STRESSLAXING – 8

A força da abstração

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ALDEIA

E porque hoje é sábado, amanhã domingo será – salvo alguma mudança, que o inesperado existe e não sossega, não conhece cama. A aldeia esconde histórias de não se crer nelas, de tão absurdas, de tão realistas, ela tem todos os tiques, todos os temperos humanos e desumanos, de deixar o Diabo aflito, a inveja transtornada, tesouros de sempre e de nunca mais, tesouros de arrepiar os flancos e o meio, nada mais e nada menos nos cantos da boca do que um sorriso enigmático, algo assim da velha Gioconda revisitada, mas o mundo exige mais sombras, cabendo a todos doar o que lhes reste de luz ou de cruz, que o resto é segundo plano. Lembra que o sol aqui é raro, o sal aqui ainda é o salário, o som aqui não se abre alto, a aldeia esconde fatos, o açúcar está regrado, o caos vive logo atrás do morro, é uma visita constante, é de casa, embora que deste lado do rio todos lutam para não se alienarem de todo. Dúvidas são estresse.

@2.uaíma

A avó está de pé numa praia, olha e reolha com calma todo o entorno em 360 graus, ela é do tamanho do silêncio e da bondade, tão antiga quanto o mar ela é, caminha sobre outros rastros, porque o mundo é sinônimo de rastros, a vida é cheia de vestígios dos antepassados, sejam eles peixes, formigas ou dinossauros, montanhas ou vulcões, tudo deixa marca, a vovó caminha sobre elas, enquanto deixa as suas que logo se transformam em canteiros floridos, para espanto dos praianos. Encantada vovó.

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Foto e texto: Darlan M Cunha

Dona MARIA JOSÉ, 90 anos (POST 4)

Mimos dos irmãos e irmã ISAAC, ISABELLA e THIAGO – netos da Vó MARIA JOSÉ. SHREWSBURY, MA, USA – ABRIL 2022.

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Um ditado popular diz que a ingratidão mata a afeição, diz isto com todas as palavras e sentimentos visíveis e invisíveis, de modo que pode-se presumir que até os cegos vejam isto assim, pois se a pessoa está dentro da calma do amor que tanto rói os tíbios quanto os tigres, os dias ficam menos densos. Pois bem.

As pessoas somos somente um saco de senhas invadindo nosso sossego geral, o fim da vida privada chegou, até mesmo dentro do lar doce lar. Onde está o lar de fato não se sabe ao certo, um lar que ao dia de amanhã se dê com garbo está cada vez mais raro, o mundo vasto mundo é uma incógnita, e nenhuma senha dá conta de abrir e clarear sua trajetória. É isso aí: chupar cana e assobiar com a boca escancarada, esperando a morte chegar – diz a música Ouro de Tolo, do Raul Seixas.

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A Estrutura do Silêncio

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Companheira cotidiana: A BÍBLIA.

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Era uma vez… assim começavam as histórias contadas para induzir ao sono, beira da cama, sossego, o quente das cobertas, um copinho com água ou com leite, Mãe e Pai cansados, com sono, mas firmes ali na beira da cama contando histórias e estórias.

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DISCO DE OURO para a trajetória inacreditável da Dona MARIA JOSÉ MATOS CUNHA – 90 ANOS (13 Abril 2022). UMA SEMANA DE FESTA. ELA MERECE. SHREWSBURY, MA, USA.

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GRATIDÃO GERAL

Pela dignidade de nossa linda mãe Maria José Matos Cunha, por seus infindáveis trabalhos, pela energia e alegria genuínas e constantes, somos gratos a tudo e a todos e todas, à Natureza e à natureza social desta pessoa espantosa em seu amor, sua bondade inenarrável.


DARLAN M CUNHA >>> Em nome da Família.
BRASIL >>> ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA.
2022.

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GENERAL GRATITUDE

For the dignity of our beautiful mother Maria José Matos Cunha, for her endless works, for the genuine and constant energy and joy, we are grateful to everything and everyone, to Nature and to the social nature of this amazing person in her love, her unspeakable kindness.


DARLAN M CUNHA >>> On behalf of the Family.

BRAZIL >>> UNITED STATES OF AMERICA.

2022

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Darlan M Cunha: fotos e texto

MERCEDES SOSA & JOAN BAEZ, DUAS GIGANTES MUNDIAIS cantam a canção “Gracias a la vida”, de outra GIGANTE MUNDIAL, a saber, VIOLETA PARRA. Uma argentina, uma americana e a autora chilena (in memorian). AQUI: https://www.youtube.com/watch?v=rMuTXcf3-6A

Dona MARIA JOSÉ, 90 anos (post 2)

ACREDITE: Aos 90 anos, numa gangorra… Mamma mia ! Dona MARIA JOSÉ – MA, USA

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Ditados populares que a nossa Mãe MARIA JOSÉ sempre repete (segundo Ela, eles são a sabedoria dos antigos):

A ingratidão mata a afeição.

Antes sozinho do que mal acompanhado.

Sou madeira que jegue não rói (ou seja: pessoas de fibra forte).

Não deixe para fazer amanhã o que pode fazer hoje.

Tudo é sagrado, mas se tem algo mais sagrado, são Mãe Água Amizade.

Carregue água na peneira para a sua Mãe.

Deus no céu e em todo lugar. Sem fé em algo positivo, não se vive bem.

Dois dedos de prosa, na mão uma rosa, no coração o Mundo.

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Infância revisitada >>> Childhood revisited

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Ontem, comprando frutas e verduras, eis que noutra área vi caixas de lápis de cor e, instintivamente, comprei uma. Agora, às 05:40h, madrugada de sexta-feira da paixão, eu ainda estou por saber por quê comprei esta beleza: é a infância que insiste… ponha tento, ponha siso, ponha sua pesada autoanálise nisso.

Darlan M Cunha: fotos e texto

Março: lei marcial ou [nº 1]

OU CONTINUAR (esta enfermeira, muito gentil e dentro da Lei, permitiu a foto ao vacinar a minha Mãe – algo geral)
OU FICAR NA ENCRUZILHADA

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SE NÃO COM A VIROLOGIA DO DIABO ?

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CÓDEX GIGAS // A BÍBLIA DO DIABO (Escrito na Idade Média, Autor Desconhecido)

CÓDEX GIGAS   // A BÍBLIA DO DIABO

Este calhamaço está em exibição na Biblioteca Nacional da Suécia, em Estocolmo. Uma de suas ilustrações, mostrando o Diabo, tornou-se irresistível através dos séculos ao nosso imaginário. Escrito na Idade Média. Ele tem 610 páginas, mede 89 cm de altura, 49 cm  de largura, pesa 71 (75 ?) quilos, todas as páginas são pergaminhos feitos de pele de bezerros – pelo que estima-se que foram necessárias as peles de 160 bezerrinhos para fazer este livro, num espaço mínimo de cinco anos, todos os dias e noites, à luz de velas, sem essa mordomia nossa de luz elétrica a qual só apareceria uns mil anos depois. Essa beleza, este esforço monumental tem metal na capa e na contracapa. Foi escrito provavelmente nalgum mosteiro de onde hoje é a República Checa, e é mesmo, sem favor, coisa de outro mundo, de gente, do diabo. Instrutiva leitura, aprendizado de não se esquecer.

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ROUPAGEM, GÊNERO DE PRIMEIRA NECESSIDADE.

Fale, quem saiba. Ontem, no Mercado Central de BÊAGÁ, ouviu-se que “Será preciso decretar lei marcial para que tantos e tantas se toquem ? Se as mães destas pessoas precisarem de leito ou de maca, elas se lembrarão de algo. Tarde demais ?” Estas considerações duríssimas, com 101% de razões de serem ditas e cobradas, ouvidas neste domingo 28. Março já está aqui com cara de bons e também de poucos amigos. Escolher.

@2. O ALICIANTE

O Diabo no meio do redemoinho – lá está, bem assente no assombroso livro Grande Sertão: Veredas, do médico e diplomata João Guimarães Rosa. A minha avó materna Senhorinha Maria de Jesus mãe do meu pai Elviro dizia que o Diabo planta floras e jardins de grande beleza sim meu neto predileto – ela me dizia – o Diabo tem mil mais mil milhões de truques e com eles engaloba os gulosos e as apressadas e pega os incontáveis egoístas e preguiçosos, sim, pode acreditar na sua avó aqui no meio da fazenda em Pedra Azul onde o Demo já quis entrar aqui o próprio Belzebu em pessoa mas encontrou chicotes e rezas brabas e mil e um excomungos em cada mourão da cerca e água benta e baldes e mais baldes de cruzinhas de madeira misturados com caca de gato e rabo de tatu, bem picado e cachaça com ranço de mulher velha e limão-capeta [o Mal contra o Mal], e foi um fuzuê foi sim um furdunço um estropício e um estrupício e palavrões para o Tinhoso bambear sim pro Pemba desmaiar e a gente cair de solfejo para cima do Dito Cujo Infernoso e tenebroso foi aquele dia que escurou e escurou de vez sem dar um tempo nem de ir no mato fazer necessidades – qui u quê ! – foi um frege ó meu neto mais velho Darlan desmiolado você é, ó mas fazer o quê, aprende então a lição: o Diabo é cheio de truques, e se embeiça logo com o mulherio, mas é de bom alvitre dizer que a recíproca é verdadeira, nem sempre, mas é, sim o Capeta veve tocando viola, ele canta uma musga muito perigosa que tem o refrão assim: “Tem, mas acabô.”. Muito cuidado com essa musga do Pé Torto. Por falar nisso, entre outras perdição, você toca violão, meu neto desmiolado ? Não, Vó, eu até ia aprender, mas é difícil, e eu desisti. Vou ser só, e só humano…

Darlan M Cunha

Bisavó e bisneta espantando o Caos

Falar o que… Amadas e Caros ?

MENSAGEM ao PEQUENO GRANDE SENHOR

@1. Distúrbios rueiros

Quantos nervos explodem, quantos impropérios são ditos em cada um dos 1440 minutos de todos os dias em aldeias como o Rio de Janeiro, Nova Iorque, Jerusalém, Beijing, Mumbai, Buenos Aires, Cidade do México, Lagos, Cidade do Cabo e nas minúsculas aldeias do mundo ? Porém, uma vez que se tenha de ir às ruas, o mínimo seja evitar jogar dados com o medo, onde os enganados morrem sem nome, sobrenome, telefone.

@2. Senhor Pequeno Gigante

É preciso que se diga bem alto que a estrutura social está vergada para muito além do suportável, algo assim feito um pequeno barco num mar em noite de Satã, breu de piche, siameses comendo um ao outro, pelo que logo se vê o peso da tua intromissão nos cotidianos do Mundo, Senhor de Sutilezas Vis e da Imantação Generalizada.

Ainda não há ponto final à vista, embora o esforço contínuo de 25, sim, 25 horas por dia em busca do néctar que apazigue os corações e as mentes no Planeta de Eixo Inclinado. Os políticos, em seu Areópago, sua Ágora, sua Praça, no alto e no baixo clero, contam desmedidas ações, até mesmo o benfazejo erotismo já levado por caminhos estranhos, ao que se sabe. Eis o homem já sem nome e sobrenome, um homem sem qualidades, conforme o título de um livro.

Pequeno Senhor Gigante

devastar é o teu único verbo, é de avivar câmeras dentro deste túnel pavoroso onde a falta de ar é o que há, onde os brônquios gritam para eles mesmos, verbo preferencial ao portador e afins é o que esse verbo é, e não me desculpe por essa dura intimidade fincada aqui, são coisas da vida, diz o povo, o mesmo povo que está sob cutelo, garrote vil, pau-de-arara, enfim, posto a ferros, sob o suplício muito destruidor da insônia, taquicardia, o SNC avariado, prejuízos de todos os calões ou para todos os jargões, alguns que a Bolsa de Valores sequer desconfiava, suicídios, mas sempre há os obesos, a lei das ofertas tingidas de gold, tintas de blood.

Senhor Pequeno Gigante

a nós – 8 bilhões – não nos interessa de onde vieste sob esta nomenclatura que é a sinonímia mais completa de devastação, e já penso no ano de 1666, entre outros do mesmo negrume, lembro-me aqui e agora da canção os ratos soltos na praça // os ratos mortos na praça. O caos e a breve arquitetura do choro, poema com muito ar.

Pequeno Senhor Gigante

tua mala está pronta, o caminho todo embandeirado até a porta das aldeias com fogos de armistício para a tua partida, porém, os laboratórios ainda ferverão por um longo tempo. Nenhuma dúvida sobre as agulhadas por virem, eis toda a Humanidade de joelhos, tudo isso nos fala fundo, e mais me lembra O Dicionário do Diabo – o livro do Bierce.

Darlan M Cunha